Na avaliação do Itaú BBA e JPMorgan, a medida seria insuficiente para conter a inflação dos alimentos
O embate sobre a venda de MIPs em supermercados ganha novos pareceres a favor das farmácias. Em reportagem do Neofeed, analistas do Itaú BBA avaliam a medida como insuficiente para conter a inflação dos alimentos, além de preverem impactos significativos sobre as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na venda desses medicamentos.
Os medicamentos isentos de prescrição apresentam margens brutas médias de 30% a 35%, consideravelmente maiores do que as de produtos alimentícios, que variam entre 16% e 20%. “Para os varejistas de alimentos, isso é claramente positivo”, afirma o Itaú BBA. Ainda assim, o banco ressalta que esse ganho adicional não necessariamente resultaria em preços de alimentos mais baixos.
O Itaú BBA também destaca que é “praticamente impossível” estimar com precisão as potenciais receitas ou lucros adicionais, considerando que as redes de supermercados enfrentariam custos elevados devido aos requisitos sanitários. Gastos com farmacêuticos, manipulação e armazenamento, por exemplo, poderiam impactar negativamente a rentabilidade do negócio.
Venda de MIPs em supermercados não mudaria hábitos de consumo
Em reportagem do Infomoney, a equipe de research do JPMorgan vê a potencial mudança como tendo um impacto marginal nas empresas sob sua cobertura, pois é improvável que tais alterações impulsionem, se ocorrerem, um aumento significativo na demanda ou mudanças nos hábitos de consumo.
Além disso, o banco americano considera improvável que todo o espectro de MIPs seja disponibilizado no varejo alimentício, dado que alguns desses produtos apresentam baixa rotatividade.
Apesar de ser uma linha de receita relevante, o JPMorgan não vê a abertura das vendas de MIPs para outros varejistas como uma ameaça estrutural para as farmácias, uma vez diversas redes de supermercado, como Carrefour Brasil (CRFB3) e Assaí (ASAI3), já operam ou possuem farmácias anexas a seus formatos principais.
Por outro lado, o JPMorgan acredita que empresas farmacêuticas de OTC, como a Hypera (HYPE3), podem se beneficiar, considerando que a mudança permitiria a essas companhias operar em novos canais e, eventualmente, expandir a categoria.
Para Hypera, a notícia pode ser marginalmente positiva, pois representaria um canal de vendas adicional para seu principal segmento de produtos. Além disso, a empresa se beneficiaria de ser uma das únicas empresas farmacêuticas que já têm um relacionamento comercial estabelecido com as maiores empresas de varejo de alimentos do país – vendendo produtos como Engov After, Zero-Cal, Finn, Tamarine e outros.
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/bancos-questionam-venda-de-mips-em-supermercados/