Com 30 anos de mercado, a farmacêutica dará o seu primeiro passo rumo à internacionalização
Sensilatte, produto para pessoas intolerantes à lactose, será o primeiro a desembarcar no país da América do Norte. O item entrou nos últimos anos no portfólio da farmacêutica e tem entre os diferenciais permitir que os consumidores possam comer logo após a ingestão do medicamento.
Há cerca de 8 anos, a Prati-Donaduzzi exporta produtos para os Estados Unidos, mas no modelo de private label. Ou seja, fabrica para terceiros, no caso, uma varejista no estado do Texas. O Sensilatte é um dos itens, enviado há pouco mais de 1 ano. “O produto está sendo sucesso lá e o lançamento foi três vezes maior do que tínhamos prospectado”, afirma Eder Maffissoni, CEO da Prati-Donaduzzi.
O executivo entrou na companhia em 2002, na posição de gerente da cadeia de suprimentos. Desde 2016, assumiu a cadeira de comando da empresa, substituindo Luiz Donaduzzi, o farmacêutico que fundou a operação ao lado da esposa Carmen, do irmão Arno Donaduzzi e do cunhado Celso Prati.
50 países em 15 anos
A entrada oficial está sendo feita via o marketplace da Amazon, com as versões do comprimido sem sabor e baunilha, que serão comercializadas para todo o país.
Nos próximos meses, a Prati deve adicionar uma opção kids, não existente aqui, e a expectativa é de que 20 produtos integrem o portfólio até maio do ano que vem. A lista inclui polivitamínicos e vitaminas isoladas como E, D e ômega 3.
Essa unidade de nutracêuticos representa 1% do faturamento da Prati-Donaduzzi, que fechou o ano de 2023 com R$ 2,3 bilhões, alta de mais de 10% em relação aos números de 2022. O forte da companhia fundada em Toledo, cidade a mais de 500 km de Curitiba, são os medicamentos genéricos, com os quais iniciou a operação nos anos 1990.
É estratégica, porém, ao ter menos desafios regulatórios por ser considerada como alimento em muitas partes do mundo. “Nutracêuticos acaba sendo um laboratório de experiências para preparar o caminho para medicamentos”, diz Maffissoni.
Esse segundo passo, com a operação de medicamentos, será dividido em duas operações, uma orientada aos Estados Unidos e outra para a Europa.
A partir de janeiro de 2025, todos os medicamentos desenvolvidos pela farmacêutica serão feitos com dossiês que permitam a comercialização internacional. A Prati também dará entrada na comunidade europeia para receber equipes de inspeção dos laboratórios e fábricas e obter registros e certificações.
Em paralelo, a farmacêutica estrutura a abertura de um escritório em Portugal, que será a porta de entrada para o continente europeu.
“Nós temos um horizonte estratégico de, em 15 anos, estar em 50 países, diversificando o nosso faturamento entre esses países. E que, ao desenvolver produtos de inovação, possamos ter retorno também nestes novos destinos”, diz o CEO.
Qual é o negócio da Prati
No mercado desde 1993, a Prati-Donaduzzi foi criada e cresceu desenvolvendo medicamentos que já tinham perdido a patente, com analgésicos e vermífugos. A partir da entrada em vigor da Lei dos Genéricos, em 1999, o negócio ganhou outra escala.
Do mercado público inicial, oferecendo remédios para governos nas esferas federal, estadual e municipal, a empresa avançou para o consumidor final em 2010. Cerca de 70% da receita provém desse novo público.
Na estratégia, está um modelo verticalizado, fazendo tudo dentro de casa. O formato tem feito com que a paranaense dobre de tamanho a cada cinco anos. A próxima meta a ser batida é atingir a receita de R$ 4 bilhões em 2027.
Atualmente, a farmacêutica mantém o posto de ser a maior fabricante de genéricos do país em volume, com a produção de mais de 13 bilhões de comprimidos por ano. No total, são cerca de 160 registros na Anvisa, que geram em torno de 480 SKUs comercializáveis.
Na conta, entram também os medicamentos de referência (não-genéricos), área em que o laboratório começou a colocar mais atenção a partir de 2020 e que representa 10% do faturamento.
O desenvolvimento de produtos para o sistema nervoso central e para combater doenças como Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia, autismo e depressão estão no centro da estratégia.