Farmácias poderão realizar 47 tipos de exames de análises clínicas

Medida passa a valer em 1º de agosto de 2023. Setor estima crescimento de até 20%

o século XVI, quando surgiram as primeiras farmácias – ou boticas – no Brasil, até os dias de hoje, os produtos e serviços fornecidos à população por este setor avançaram e deram um importante passo na pandemia de Covid-19, com a realização de testes rápidos de diagnóstico que mostraram a competência das farmácias na prestação desse tipo de serviço. A partir de 1º de agosto de 2023, um novo momento será iniciado para o setor, que passará a realizar 47 tipos de exames de análises clínicas que antes só eram feitos em laboratórios. 

A autorização para a prestação dos novos serviços foi concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início de maio e trouxe boas expectativas para o setor, que espera um incremento de dois dígitos no faturamento das farmácias com a ampliação do consultório farmacêutico.

“Isso é um reconhecimento por tudo que as farmácias prestaram de serviços durante a pandemia, com o consultório farmacêutico, um espaço criado para ser a porta de entrada para a triagem da saúde a partir de serviços rápidos de saúde, como o teste para diagnóstico do Covid-19. Os órgãos reguladores, reconhecendo isso, entenderam que a farmácia pode avançar bastante nos serviços farmacêuticos. Isso é muito positivo para o setor e para a população. Com as novas opções agregadas ao rol de serviços das farmácias, acreditamos que haverá um incremento de até 20% no faturamento do setor e, automaticamente, haverá crescimento na demanda por contratação de profissionais”, avalia o diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Maurício Filizola.

Ele acredita que o avanço de mais de dois dígitos no faturamento das farmácias ocorra ainda neste ano, impulsionado pelo aumento do autocuidado e pela diversificação no leque de serviços prestados aos consumidores. “Esse avanço deve ocorrer por conta do autocuidado, que foi mais ativado na pandemia, e também devido à expectativa de vida sempre em crescimento, tornando o setor atrativo”, reforça o diretor da CNC.

Acesso ampliado

Para o presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto, além de ampliar o leque de serviços prestados pelas farmácias, que estão constantemente avaliando novos modelos de negócios, a mudança vai permitir que mais pessoas tenham acesso aos serviços de saúde. “As farmácias poderão fazer todos os exames disponíveis em um determinado formato, que é o teste rápido. Hoje, são 47, mas amanhã poderão ser 50, 60 ou 70. Isso vai depender muito da evolução da tecnologia”, declara.

Ele lembra que a realidade da farmácia clínica, já comum em outras partes do mundo, chegou ao Brasil com a lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014, permitindo que o setor ampliasse sua atuação e tivesse relevante papel na pandemia de Covid-19. “A partir dessa lei, pudemos instalar mais de seis mil salas nas farmácias da Abrafarma, capacitamos mais de 20 mil profissionais farmacêuticos e, durante a pandemia, mostramos a importância de ter esse equipamento instalado em todo o País, que é a farmácia a serviço da atenção básica e como porta de entrada do sistema de saúde”, afirma o presidente da Abrafarma, acrescentando que as farmácias realizaram cerca de 20 milhões de testes rápidos para covid-19 durante a pandemia.

Transformação importante

O representante do setor acrescenta ainda que a ampliação dos serviços nas farmácias será fundamental para transformar a saúde no Brasil, facilitando o acesso da população a exames de diagnóstico que podem prevenir o agravamento de doenças, melhorar a qualidade de vida da população e, consequentemente, reduzir os custos do setor público e da iniciativa privada com o tratamento e internações.

“É a possibilidade de mudar a face da saúde brasileira. Hoje, uma parcela de aproximadamente 70% da população brasileira simplesmente não vai ao sistema de saúde. A gente pode começar a fazer isso nas farmácias. Será transformador na saúde brasileira, uma vez que dará mais acesso à população a esses exames e permitirá, por exemplo, medir a efetividade do tratamento”, avalia Mena Barreto.

Preços justos

Um dos maiores grupos farmacêuticos do País, a Pague Menos & Extrafarma também recebeu com otimismo a aprovação da Anvisa para a ampliação dos exames clínicos laboratoriais. O grupo, que está presente em todas as unidades da federação e possui mais de 1.600 lojas, sendo 283 apenas no Ceará, já conta com um leque diversificado de serviços de saúde prestados aos consumidores, incluindo desde testes rápidos à aplicação de brincos e administração de medicamentos.

Conforme a Pague Menos, o grupo conta com mais de 1.200 consultórios farmacêuticos em todo o Brasil, contribuindo para ampliar o acesso a serviços de saúde. Além da praticidade de acesso aos serviços para os consumidores, os preços acessíveis são destacados pelo grupo como um facilitador para que a população pratique o autocuidado.

“As redes já oferecem serviços essenciais de saúde há quase dez anos, com o objetivo de torná-los acessíveis à população e garantir, principalmente, atendimento para aqueles que não possuem assistência médica – como é o caso de 77% dos brasileiros, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São mais de 1.200 consultórios farmacêuticos em todo o país, com salas exclusivas para atendimento de saúde primária e que, indiretamente, auxiliam a desafogar o Sistema Único de Saúde (SUS)”, destaca.

Exames possíveis

Atualmente, as farmácias brasileiras só podem realizar dois tipos de exames de análises clínicas, que são aqueles que necessitam de uma amostra de fluidos do organismo, como sangue, urina e secreções. Com a mudança realizada pela Anvisa, que justificou a decisão com base nos avanços tecnológicos ocorridos na área, as farmácias brasileiras poderão realizar, além dos testes de glicemia e de Covid-19, os exames de beta h-CG, dengue, HIV, zika vírus, toxoplasmose, colesterol, hepatite e malária, entre outros.

Conforme a Anvisa, os avanços tecnológicos ocorridos na área tornaram possível a ampliação desse tipo de serviço para as farmácias, que hoje têm autorização para realizar apenas dois tipos de exames de análise clínica: teste de glicemia e teste para diagnóstico rápido de Covid-19.

A nova norma da Anvisa também libera a realização de análises clínicas em consultórios. A Agência lembra, contudo, que esses exames são em caráter de triagem, para uma primeira identificação da doença, mas não substituem o diagnóstico do laboratório convencional.

Fonte: https://www.portalin.com.br/negocios/farmacias-poderao-realizar-47-tipos-de-exames-de-analises-clinicas-setor-estima-crescimento-de-ate-20/

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