Durante o fórum do Brazil Journal, Marcus Sanchez destacou a importância da inovação e da modernização regulatória para facilitar o acesso da população a novos medicamentos e promover a sustentabilidade do setor farmacêutico
Durante o fórum “Saúde não tem preço, mas tem custo”, promovido pelo Brazil Journal em São Paulo, o vice-presidente da farmacêutica EMS, Marcus Sanchez, trouxe à tona a importância de discutir como criar um ambiente de segurança jurídica e modernização regulatória para fomentar a inovação no Brasil. Sanchez destacou que o país precisa evoluir em pontos-chave para viabilizar a inovação e defendeu o equilíbrio entre economia e saúde, sugerindo que agilidade e avanço tecnológico são fundamentais para a sustentabilidade do setor.
“Talvez o único legado positivo da pandemia tenha sido nos mostrar que decisões urgentes podem ser discutidas com rapidez. No setor de saúde, vimos como é possível formar forças-tarefa para destravar questões como a inovação, a aprovação de registros ou a entrada de novos produtos, ampliando a concorrência. Estamos em um momento crucial”, afirmou.
O evento, realizado na última quarta-feira (26), reuniu empresários e especialistas jurídicos e regulatórios, abordando quatro grandes temas: “Regulação do Setor e Acessibilidade”, “Consolidação e Modelos de Negócios”, “Incorporação de Novos Medicamentos e Tecnologias” e “Inteligência Artificial e Gestão em Saúde”.
Avanços regulatórios e o papel da Anvisa
No painel sobre “Incorporação de Novos Medicamentos e Tecnologias”, Sanchez debateu com o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Daniel Pereira; com o diretor da ANS, Alexandre Fioranelli; com o diretor médico da Abramge, Cássio Ides Alvez; e com a conselheira do CNJ, Daiane Nogueira de Lira. O vice-presidente da EMS aproveitou para pedir à Anvisa mais agilidade na análise de registros e regulamentação de produtos inovadores. Ele sugeriu a realocação de recursos humanos dentro da agência para acelerar processos e defendeu uma avaliação mais criteriosa das empresas com base no histórico de mercado e risco envolvido.
Sanchez também alertou para a urgência de atualizar a legislação sobre inovação. “A legislação precisa evoluir rapidamente, especialmente para facilitar a entrada de inovações radicais no país. Ela está desatualizada em relação às necessidades do mercado presente e futuro”, afirmou. Ele ressaltou ainda que os custos com inovação na indústria farmacêutica tendem a aumentar significativamente, tornando a questão uma das principais agendas do Brasil.
Compartilhamento de riscos e sustentabilidade do setor
Outro ponto abordado por Sanchez foi a necessidade de dividir os riscos no setor de inovação, que será cada vez mais vital para a indústria farmacêutica. “A inovação traz terapias de ponta para os pacientes, mas precisa ser comprovada cientificamente. Compartilhar o risco é uma agenda que também precisa avançar”, reforçou.
Daniel Pereira, diretor da Anvisa, defendeu a reputação da agência como uma das autoridades regulatórias mais respeitadas do mundo, ressaltando que isso é um ativo importante para o Brasil. Pereira também comparou a eficiência do sistema de saúde brasileiro com o dos Estados Unidos, destacando que, embora o país norte-americano destine 20% do PIB à saúde, enquanto o Brasil destina 10%, a diferença na expectativa de vida entre os dois países é de apenas um ano. “Com muito menos, fazemos mais”, concluiu.