9 de cada 10 medicamentos comercializados serão produzidos no país até 2030

O desempenho do setor farmacêutico nacional superou o crescimento populacional; vendas em unidades cresceram 180% entre 2000 e 2025

No primeiro semestre de 2025, a indústria farmacêutica nacional consolidou expansão em volume e faturamento, atingindo 5,7 bilhões de unidades comercializadas, avanço de 5% frente ao mesmo período de 2024. No intervalo de cinco anos, o crescimento foi de 19% sobre as 4,8 bilhões de unidades de 2021. Os dados são da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais, a ALANAC, e foram compiladas com base nos indicadores do IQVIA e do Ministério da Saúde (MS).

Desde o início dos anos 2000, o setor quase duplicou seu volume e acompanhou salto de registros de medicamentos na Anvisa, superando 17 mil produtos em 2025, marca relevante que sinaliza maturidade regulatória, diversificação do portfólio de terapias e adaptação ágil às demandas do sistema de saúde brasileiro.

Essas e outras informações inéditas serão apresentadas no II Seminário DIFAN, conforme programação anexa, tornando-se destaque entre lideranças do setor, autoridades públicas e especialistas presentes.

O desempenho do setor farmacêutico nacional superou o crescimento populacional. Enquanto as vendas em unidades cresceram 180% entre 2000 e 2025, a população cresceu cerca de 29%, passando de 170 milhões para 218,6 milhões de habitantes em 2025. Hoje, de cada 10 medicamentos vendidos no país, 8 são fabricados por empresas nacionais, cenário que há 25 anos era dividido igualmente com multinacionais.

Volume de medicamentos 

A indústria farmacêutica brasileira manteve trajetória de crescimento no primeiro semestre de 2025, com destaque para a produção nacional de medicamentos genéricos e similares, que seguem consolidando a base de acesso no mercado interno. De acordo com levantamento da ALANAC (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais), com base nos indicadores do IQVIA, os laboratórios nacionais ampliaram sua participação tanto em unidades comercializadas quanto em valores movimentados no primeiro semestre deste ano em comparação com 2024.

Em unidades, o mercado total atingiu 5,7 bilhões de embalagens em junho de 2025, um crescimento de 300 milhões sobre os 5,4 bilhões registrados em junho de 2024. Os laboratórios de capital nacional responderam por 4,4 bilhões de unidades (77,9% do total), reforçando sua posição de liderança no fornecimento de medicamentos ao mercado interno.

No recorte por segmentos, os genéricos produzidos no Brasil avançaram de 1,9 bilhão de unidades em 2024 para 2 bilhões em 2025, ganhando peso dentro da cesta de consumo e alcançando 36,8% do volume total. Os similares nacionais também mostraram expansão, passando de 2 bilhões (38,4%) para 2,1 bilhões de unidades (37,8%). Já os medicamentos de referência, embora em menor escala, cresceram ligeiramente em volume: de 303 milhões para 305 milhões de unidades.

“O desempenho da indústria nacional demonstra a relevância dos genéricos e similares como pilares de acesso e sustentabilidade para o sistema de saúde brasileiro. São os laboratórios locais que sustentam a maior parte das embalagens que chegam às farmácias e hospitais do país”, afirma Henrique Tada, presidente executivo da ALANAC.

Crescimento também em valores

Em valores de mercado, o setor farmacêutico como um todo movimentou R$ 138,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, contra R$ 124 bilhões no mesmo período de 2024. O aumento expressivo de 11,5% em um ano reflete uma combinação de fatores, incluindo o crescimento no volume de unidades e a atualização de preços dos medicamentos.

Do total, os laboratórios nacionais foram responsáveis por uma fatia relevante, com R$ 80,2 bilhões em vendas (57,9% do mercado), frente aos R$ 71,6 bilhões de 2024. Genéricos nacionais cresceram de R$ 17,5 bilhões para R$ 19,3 bilhões; os similares de R$ 41,7 bilhões para R$ 47,6 bilhões; e os medicamentos de referência nacionais de R$ 12,4 bilhões para R$ 13,3 bilhões.

“Esse resultado mostra que a indústria nacional não só cresce em volume, mas também em valores, comprovando sua competitividade tecnológica e a confiança dos brasileiros nos medicamentos aqui produzidos”, ressalta Tada.

Contexto de cinco anos: 2021 a 2025

A leitura de longo prazo feita pela ALANAC com base nos dados do IQVIA mostra a dimensão da evolução da indústria nacional. Em cinco anos, o mercado total saltou de 4,8 bilhões de unidades em junho de 2021 para 5,7 bilhões em junho de 2025, crescimento de quase 1 bilhão de embalagens.

  • Genéricos nacionais: de 1,6 bilhão de unidades em 2021 para 2 bilhões em 2025
  • Similares nacionais: de 1,9 bilhão para 2,1 bilhões
  • Referências nacionais: de 319 milhões para 305 milhões

Em valores, o avanço é ainda mais expressivo: a movimentação total do mercado saltou de R$ 85,1 bilhões em 2021 para R$ 138,3 bilhões em 2025, expansão de mais de 60% em cinco anos. Nesse período, os laboratórios de capital nacional passaram de R$ 50,8 bilhões para R$ 80,2 bilhões.

Os genéricos nacionais mais do que dobraram sua contribuição, subindo de R$ 11,1 bilhões em 2021 para R$ 19,3 bilhões em 2025, consolidando-se como vetor-chave de competitividade de preços.

“Quando olhamos a série histórica desde 2021, vemos uma consolidação da indústria nacional. Os laboratórios brasileiros sustentam a base de produção, garantem acesso a medicamentos essenciais e, ao mesmo tempo, investem em inovação e tecnologia para competir com as multinacionais”, explica Tada.

Nacional x multinacional

Enquanto os laboratórios multinacionais preservam maior peso no segmento de referência, principalmente em valores monetários — com R$ 34,3 bilhões movimentados em 2025 só nessa categoria —, os nacionais reforçam protagonismo justamente nos segmentos ligados a medicamentos de maior volume e acessibilidade.

A ALANAC também sublinha que o avanço consistente dos nacionais tem impacto direto na política de acesso a medicamentos e no equilíbrio do sistema de saúde. “O consumidor brasileiro reconhece o valor da indústria local, porque encontra medicamentos eficazes e acessíveis. Esse ciclo fortalece tanto o paciente quanto o setor produtivo nacional”, conclui Tada.

Saúde pública e ampliação do acesso

Genéricos e similares lideram o abastecimento do SUS, varejo e programas governamentais, sendo responsáveis por 74% das unidades vendidas. “O impacto sobre a saúde pública é significativo. O paciente de doenças crônicas deixou de depender de marcas estrangeiras e passou a contar com alternativas nacionais de qualidade, preço acessível e oferta contínua”, afirma Henrique Tada.

A diversificação do portfólio aumentou a inclusão de terapias em protocolos oficiais e respostas rápidas a emergências de saúde. “Ao ampliar o portfólio, os laboratórios nacionais conseguem atender demandas específicas, relacionadas tanto à atenção básica quanto ao tratamento de patologias complexas”, destaca o executivo.

Histórico

No ano 2000, os laboratórios nacionais tinham menos de 5 mil registros na Anvisa e participação limitada no mercado. A lei dos genéricos de 1999 impulsionou o fortalecimento industrial e autonomia do setor. Em 2025, são mais de 17 mil registros e quase 80% de participação nas vendas.

“O aumento dos registros nacionais na Anvisa não é só um dado estatístico; é reflexo de uma indústria que aprendeu a diversificar, inovar e entregar soluções aos diferentes perfis de pacientes e demandas do sistema público e privado”, justifica Tada.

Projeção de liderança absoluta com vencimento de patentes

A expectativa do vencimento de 1,5 mil patentes de medicamentos até 2030 é um ponto de inflexão para o setor. Segundo projeção da ALANAC, o processo deve gerar uma nova onda de genéricos e similares nacionais e ampliar de forma significativa a presença dessas empresas. Se hoje, no varejo farmacêutico, 8 em cada 10 medicamentos vendidos são nacionais, o segmento projeta produzir 9 em cada 10 medicamentos comercializados no país com a entrada destes novos produtos.

“O papel do setor nacional no abastecimento de medicamentos essenciais é hoje estratégico. O desafio está em conciliar acesso, qualidade e políticas de inovação que permitam ao país avançar como produtor e exportador de tecnologia farmacêutica”, pontua Henrique Tada. “Esse movimento é reflexo de investimentos em inovação produtiva e profissionalização do setor”, finaliza.

Fonte:https://medicinasa.com.br/industria-farmaceutica-avanco/

Compartilhe: