Ambiente econômico é o maior desafio da inovação em saúde

Fernanda De Negri realizou a palestra inaugural da IV Cúpula Brasileira de Inovação em Saúde.

É preciso “diversificar os instrumentos para garantir ainda mais acesso à tecnologia, a preços melhores, para toda a população”, afirmou Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde

“A inovação depende de basicamente de três pilares: pessoas qualificadas, infraestrutura para que esses profissionais possam trabalhar, e um ambiente econômico que propicie a inovação.” A afirmação é da Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Fernanda de Negri, que abriu a IV Cúpula Brasileira de Inovação em Saúde, realizada nos dias 23 e 24 de setembro, em São Paulo (SP). 

A secretária ressaltou que o Brasil tem avançado, mas ainda há muito a fazer na formação de pessoas com capacitação em ciências e tecnologia, também na área de infraestrutura e, principalmente, no que diz respeito ao ambiente econômico, pilar em que se concentram os maiores desafios do país. “Um ambiente mais competitivo, com mais concorrência, menos burocrático, é fundamental para estimular a inovação”, reconheceu. 

Fernanda De Negri lembrou que a inovação em saúde é um processo que leva muito tempo, desde a descoberta de uma molécula na bancada do pesquisador até a chegada do produto ao mercado. “É, também, um processo caro, porque precisa passar por pesquisa clínica, que envolve muito investimento, além de ser também arriscado, com taxa de sucesso menor do que 10%”, lembrou.

Ela listou as ações recentes que têm tornado o ambiente em inovação mais consistente no país, dentre as quais a regulamentação da Lei de Pesquisa Clínica, aprovada há mais de um ano. “Estamos com o decreto pronto e ele deve ser publicado nos próximos dias. Essa regulamentação deve colocar o Brasil em uma posição mais importante do ponto em vista da pesquisa clínica mundial, garantindo a proteção ao participante, que é o ponto fundamental da análise ética em pesquisa”, disse a secretária.

Atualmente, o Brasil participa com menos de 2% da pesquisa clínica mundial e tem competências científicas para desempenhar um papel muito mais relevante, o que pode gerar maior desenvolvimento tecnológico, mais renda e mais emprego, além de ampliar o acesso à saúde, já que uma pesquisa experimental oferece a chance de cura para quem as possibilidades conhecidas se esgotaram.

Fernanda de Negri finalizou sua fala destacando a importância de o Brasil ter um programa de inovação radical em fármacos. “Nossa indústria cresceu muito, se fortaleceu na produção de genéricos, avançou em direção à inovação incremental, mas podemos dar um passo um pouco mais significativo do ponto de vista de inovação radical”. 

Ela ainda destacou a intenção de criar um piloto, um hub de inovação, no qual o Ministério da Saúde entraria com investimento para infraestrutura e recursos humanos, mas atuaria principalmente na coordenação de todos os agentes envolvidos com a inovação no ciclo farmacêutico – hospitais de excelência, startups, fundos de investimento e Anvisa – para, a partir do modelo, criar algo escalável. 

PDPs

Ao falar sobre as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), Fernanda de Negri disse que, cumprida a etapa que permitiu a produção de produtos biológicos no Brasil – “algo que tentávamos há 20 anos”-, agora é preciso “diversificar os instrumentos para garantir ainda mais acesso à tecnologia, a preços melhores, para toda a população”.

Fonte:https://sindusfarma.org.br/noticias/indice/exibir/26415-ambiente-economico-e-o-maior-desafio-da-inovacao-em-saude

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