Automação nas farmácias: uma revolução em três camadas

Além da vantagem sustentável, ela contribui significativamente para o sucesso do negócio

Está em curso uma revolução silenciosa chamada automação nas farmácias, um diferencial competitivo no cenário atual do setor, em que margens operacionais estão cada vez mais pressionadas e aprimorar a jornada de consumo se tornou um ativo mandatório.

A robotização de processos logísticos não consiste apenas em uma tendência tecnológica. É uma transformação fundamental que está redefinindo o modelo operacional do varejo farmacêutico no Brasil e no mundo.

Quando analisamos o impacto da automação no setor farmacêutico, identificamos três camadas distintas de valor que, juntas, criam uma vantagem sustentável. Essas camadas manifestam-se em diferentes horizontes temporais, mas todas contribuem significativamente para o sucesso do negócio.

Primeira camada da automação nas farmácias: visível e imediata

A primeira camada de valor é aquela que salta aos olhos assim que a solução de automação nas farmácias é implementada. Representa a transformação física do ambiente do PDV e traz os seguintes benefícios:

  • Ambiente controlado e seguro: os medicamentos passam a ser armazenados em um sistema fechado, eliminando o acesso indiscriminado e reduzindo riscos de desvios
  • Identificação precisa e rastreabilidade: cada medicamento é identificado fisicamente, com sua data de validade registrada e monitorada automaticamente
  • Processos automatizados end-to-end: o endereçamento, armazenamento, separação de pedidos e picking são executados por sistemas robóticos, eliminando erros humanos
  • Otimização espacial: a área destinada ao estoque é drasticamente reduzida, liberando espaço valioso para a experiência de compra do cliente
  • Inventário em tempo real: O controle de estoque torna-se contínuo e preciso e os inventários manuais periódicos deixam de ser necessários

Essa primeira camada já justificaria, por si só, o investimento em automação. No entanto, é apenas o começo da jornada de transformação.

Segunda camada e os efeitos cascata na operação

A segunda camada de valor emerge como consequência da implementação da automação e manifesta-se nas semanas e meses subsequentes:

  • Simplificação operacional: os processos de gestão de estoque tornam-se mais intuitivos e menos dependentes de intervenção humana
  • Realocação estratégica de talentos: a equipe é liberada de tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, podendo focar no atendimento consultivo e na experiência do cliente
  • Eliminação de rupturas: o monitoramento em tempo real do estoque e a previsão de demanda baseada em dados diminuem drasticamente a falta de produtos nas prateleiras
  • Gestão proativa de validades: o sistema prioriza automaticamente a dispensação de medicamentos com validade mais próxima, minimizando perdas por vencimento
  • Ambiente de trabalho transformado: a eliminação de tarefas repetitivas e estressantes melhora o clima organizacional, reduzindo o turnover e aumentando a produtividade
  • Experiência de compra elevada: o atendimento ganha agilidade e precisão, com menor tempo de espera e maior disponibilidade de produtos

Como destacam Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee em A Segunda Era das Máquinas, a verdadeira revolução não está na tecnologia em si, mas na remodelação dos processos e na liberação do potencial humano para atividades de maior valor.

Terceira camada com impacto financeiro e estratégico

A terceira e mais profunda camada de valor aparece no médio e longo prazo, impactando diretamente o balanço patrimonial e a posição competitiva da empresa:

  • Ativo tangível com valorização: a solução de automação é um ativo real que pode ser depreciado e até mesmo revendido, diferentemente de despesas com folha de pagamento
  • Benefícios fiscais: a depreciação acelerada pode reduzir significativamente o pagamento de impostos sobre lucro e contribuições sociais
  • Otimização de capital de giro: o financiamento em longo prazo permite a transformação de OPEX em CAPEX, melhorando indicadores financeiros
  • Valorização da marca: a adoção de tecnologia de ponta transmite uma imagem de inovação e confiabilidade aos stakeholders, aumentando o valor percebido da varejista
  • Governança aprimorada: o controle preciso do estoque e a eliminação de desvios transmitem mais segurança a investidores e sócios minoritários

Essa etapa representa o verdadeiro diferencial estratégico da automação, alinhando-se ao que Brynjolfsson e McAfee denominam como efeitos de segunda ordem da transformação digital – aqueles que não são imediatamente visíveis, mas que redefinem fundamentalmente a competitividade e a sustentabilidade do negócio.

Automação como imperativo na disputa setorial

Como observamos nas três camadas de valor, a automação robótica não é apenas uma questão de eficiência operacional. As farmácias que adotarem essas soluções poderão ir muito além da redução de custos e criarão uma experiência diferenciada para seus clientes, estabelecendo uma vantagem competitiva difícil de ser replicada.

Sistemas completos podem abranger desde a identificação e armazenamento até a dispensação e controle de inventário, em plena integração com os sistemas de gestão existentes.

Nas próximas orientações, mergulharemos mais profundamente na segunda camada de valor, explorando como a automação está transformando o papel do farmacêutico e da equipe de atendimento, liberando seu potencial para atividades de maior valor agregado e impacto na saúde do cliente.
Prepare-se para descobrir como a combinação de tecnologia avançada e talento humano está criando uma nova era no varejo farmacêutico – uma era onde a eficiência operacional e a excelência no atendimento não são mais objetivos conflitantes, mas sim complementares.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/automacao-nas-farmacias-uma-revolucao-em-tres-camadas/

Compartilhe: