Cimed prevê aumentar fatia do NE no faturamento para 25%

O Nordeste é uma das apostas da Cimed para atingir, pela primeira vez em sua história, faturamento anual de R$ 5 bi

Num momento de melhora no panorama macroeconômico do país, com reflexos no Nordeste, e mudanças positivas na tributação do setor, a Cimed – número 3 na indústria farmacêutica brasileira – espera aumentar este ano a participação da região nos negócios da empresa. Em 2023, os estados nordestinos responderam por 19% da receita. A projeção para 2024 é de 25%, de acordo com o CEO João Adibe Marques.

A estimativa de incremento de seis pontos percentuais na fatia do Nordeste se baseia na reação que a economia regional vem apresentando num cenário nacional de PIB revisado para cima, juros em queda, inflação sob controle, recuperação do poder de compra do salário-mínimo (que este ano terá aumento real de 3%), diminuição do endividamento das famílias e desemprego em declínio.

Para entender o que esse quadro representa para a Cimed, basta lembrar que, no ano passado, capitais nordestinas, como Recife e Salvador, chegaram a liderar as taxas nacionais de desocupação, o que vinha gerando impactos para diversas áreas que dependem do consumo.

São mudanças como essa – num mercado cuja população representa 28% dos habitantes do Brasil – que animam a Cimed. Com isso, o Nordeste ganha importância crucial para que a companhia atinja a meta de receita total estipulada para o planejamento 2024-2025.

Nesse período, a companhia quer atingir, pela primeira vez, a marca de R$ 5 bilhões de faturamento anual, salto de 66% sobre os resultados do ano passado.

Cimed vê resistência aos genéricos em declínio no NE

Além da macroeconomia, outro aspecto que contribui para o otimismo da Cimed é o fato de que a resistência dos consumidores nordestinos aos genéricos vem perdendo força. A rejeição a esses produtos no Norte e Nordeste chegou a gerar grande preocupação nos fabricantes desse segmento.

“O que tem ajudado muito é o crescimento dos genéricos [na região]. A população [do Nordeste] entendeu o são esses medicamentos e o que eles podem trazer pro bolso. Esse ainda é um grande desafio regional, mas a informação vem contribuindo para uma alteração”, analisa o empresário.

Na visão de João Adibe, hoje há uma “educação” da sociedade – que não existia no passado – a respeito de como os genéricos proporcionam acesso de baixo custo a uma série de tratamentos, sem prejuízo de eficácia.

Genérico é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e indicação farmacológica que o produto de marca no qual foi baseado (chamado “medicamento de referência“), sem no entanto apresentar nome comercial.
Pernambuco é destaque nas vendas da Cimed

No mercado nordestino, um dos estados de destaque para a Cimed é Pernambuco, juntamente com a Bahia e o Ceará.

No ano passado, as vendas da companhia para consumidores pernambucanos tiveram expansão de 21%, dois pontos percentuais acima do incremento médio regional. Ao todo, o fabricante comercializou em Pernambuco 21,3 milhões de unidades de produtos, que totalizaram R$ 119,6 milhões.

“A Cimed tem 20,7% de participação do mercado farmacêutico estadual. Lidera em genéricos e equivalentes, com 18,3% de marketshare, em higiene e beleza, com 43,1% de share, e em vitaminas, com 26,8%”, comemora o CEO, que vê um horizonte bastante promissor. “Temos um potencial de crescimento de 60% no estado”, defende.

Cimed otimista com reforma tributária

Já em nível nacional, há um elemento que reforça a perspectiva positiva da Cimed não apenas para o biênio 2024-2025, mas para o longo prazo: o alívio decorrente da reforma tributária aprovada em 2023.

Este ano, começa um período de transição para que a alíquota de medicamentos e produtos de cuidados básicos à saúde menstrual seja reduzida em 60%. Remédios utilizados no tratamento de doenças graves, como câncer, terão a tributação zerada. “O avanço será progressivo, até chegarmos a uma virada de chave em 2026”, diz João Adibe.

Segundo os especialistas da área, esse movimento não deverá trazer reflexos significativos sobre o preço final dos medicamentos.

Mas, para o presidente da Cimed, a diminuição da carga ajuda a reduzir a pressão em um setor que é diretamente afetado por uma série de outros fatores – como a variação do dólar – e tem grande importância nos gastos das famílias.

A cada flutuação da moeda estrangeira para cima – explica – o segmento é impactado negativamente devido aos efeitos no preço das matérias-primas.

Empresa 100% brasileira, a Cimed tem um porftólio de 600 produtos, está presente em 60 mil pontos de venda (98% das farmácias do país), gera cinco mil empregos diretos, faturou R$ 3 bilhões em 2023 e lidera nacionalmente diversos segmentos, como os de antigripais, vitaminas e medicamentos isentos de prescrição médica.

A companhia, fundada em 1977, tem sede administrativa em São Paulo, complexo fabril em Pouso Alegre (MG) e uma central de distribuição nacional e gráfica própria em São Sebastião da Bela Vista (também em Minas). A estrutura inclui ainda 26 centros logísticos menores espalhados pelo país.

A complexidade dessas operações evidencia o crescimento da marca. Apesar dos diversos desafios da macroeconomia nos últimos anos e de questões inerentes à própria atividade, a companhia vem demonstrando resiliência e senso de oportunidade para aproveitar o avanço dos genéricos no país.

Para se ter uma ideia de como a empresa tem se beneficiado desse mercado, a Cimed, em 10 anos, saltou da 36ª para a 3ª posição entre os maiores laboratórios do setor no país.

Fonte: https://movimentoeconomico.com.br/economia/industria-empresas/2024/04/08/cimed-nordeste/

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