Américo José, sócio-diretor da Cherto Consultoria e responsável pela área de educação corporativa
Farmácias enfrentam escassez de mão de obra e alta rotatividade; capacitação aparece como estratégia-chave para retenção e crescimento
O mercado farmacêutico no Brasil mantém trajetória de crescimento, mas enfrenta um desafio que ameaça sua sustentabilidade: a falta de mão de obra qualificada e o alto índice de rotatividade. De acordo com a pesquisa global da ManpowerGroup (2025), 81% dos empregadores brasileiros relatam dificuldade em contratar profissionais preparados. O problema afeta especialmente setores intensivos em mão de obra, como farmácias e redes de franquias.
No varejo farmacêutico, as grandes redes associadas à Abrafarma registraram R$ 103,14 bilhões em faturamento em 2024, um avanço de 14,2% sobre o ano anterior (FIA-USP/Abrafarma). Já o franchising segue como motor do empreendedorismo brasileiro, alcançando R$ 273 bilhões em faturamento em 2024, distribuídos em 197,7 mil operações e gerando mais de 1,7 milhão de empregos diretos (ABF, 2024).
Para Américo José, os números são um alerta: “Sem investir em gente, o varejo vira uma porta giratória. Você contrata hoje, perde amanhã, e isso custa caro. Investir em educação é investir em permanência, em produtividade e em cliente satisfeito”.
A importância da educação corporativa é confirmada em estudos recentes. Segundo o LinkedIn Workplace Learning Report (2024), empresas com cultura forte de aprendizagem retêm 57% mais colaboradores e promovem 23% mais mobilidade interna. Já o Work Institute (2025 Retention Report) aponta que 63% dos desligamentos em 2024 foram motivados por razões evitáveis, como falta de desenvolvimento de carreira, desequilíbrio entre vida pessoal e profissional ou falhas de gestão — sendo que 18,9% ocorreram especificamente pela ausência de oportunidades de crescimento.
Américo reforça que a capacitação deve ser tratada como parte da operação, e não como um custo acessório: “O nosso papel, quando falamos de capacitação, é transformar cada loja, cada franquia, em uma verdadeira escola. É nesse espaço que a cultura se transmite, que a liderança se forma e que o negócio ganha consistência”.
Ele acrescenta que investir em trilhas de aprendizado é preparar empresas de todos os portes para o futuro: “Eu costumo dizer que quem começa pequeno, mas aprende com consistência, cresce. Educação é o ativo que prepara a empresa para o futuro, seja ela uma farmácia, seja uma franquia”.
O cenário é claro: a solução não está apenas em contratar, mas em educar. Empresas que se posicionam como “empresas-escola” reduzem o turnover, aumentam o engajamento e criam bases sólidas para crescer de forma sustentável.