Locais também deixam de ser canal só para vendas de medicamentos e disputam mercado de varejo, avalia empresa de dados
A farmácia está entre os destaques de canais de compra de bens de consumo massivo, conquistando novos lares brasileiros. É o que revela o Consumer Insights 2023, estudo produzido pela Kantar, empresa de dados, insights e consultoria. De acordo com levantamento, que acompanha o comportamento do comprador brasileiro de maneira contínua, as farmácias já disputam mercado de varejo e o resultado é o crescimento no tíquete médio em 4% no primeiro trimestre de 2023.
De forma geral, atacarejo, supermercado independente e farmácia são os destaques entre os canais de compra de bens de consumo massivo. Na comparação do primeiro trimestre de 2022 com o primeiro deste ano (2023), os atacarejos atraíram três milhões de novos lares, enquanto supermercados independentes e farmácias conquistaram 1,8 milhões de novos lares, e, simultaneamente, maior desembolso. O aumento no tíquete médio somente das farmácias subiu 4%.
“As farmácias vêm crescendo porque cada vez mais estão deixando de ser o canal de doentes, onde só vende medicamentos, ou só o canal de higiene e beleza, para ser um canal de vizinhança. Hoje em dia, já são vistos alimentos e bebidas (como água, sucos e chás)”, explica o diretor de análises avançadas da Kantar, Rafael Kröger Couto, em entrevista exclusiva para o Guia da Farmácia.
Couto avalia que as farmácias, ao atuarem como um canal de vizinhança, ajudam nesse crescimento e atratividade de novos compradores para o canal de farmácia e, claro, na expansão de varejistas. O estudo da Kantar foi realizado em 11.300 domicílios de todas as regiões e classes sociais do Brasil.
Pilares que contribuíram para o desempenho do canal
Na avaliação do economista e professor da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Sillas de Souza Cezar, vários fatores concorrem para o aumento das vendas das farmácias, inclusive para os produtos que não são os “tradicionais” como medicamentos, xampus, etc. O fato de muitas delas estarem abertas 24 horas e se localizarem em pontos estratégicos, por exemplo, foram fatores essenciais.
Além disso, explica o professor da FAAP, há de se considerar o fato de serem lojas bem menores do que um mercado qualquer, o que implica em uma grande facilidade de encontrar os produtos sem ter que pegar um carrinho ou caminhar por longos corredores.
“No entanto, há algo muito especial nas farmácias: a combinação do fator humano com uma melhor credibilidade do tipo de negócio. Temos de pensar que nas farmácias sempre existem equipes de apoio aos clientes, chefiados por um farmacêutico. Assim, se um atendente, por exemplo, indica um determinado produto em uma farmácia, os clientes tendem a aceitar essa sugestão como vinda de um profissional de saúde e não de um vendedor avulso. Isso muda a relação de consumo”, conclui Cezar.