Pulseira digital detecta Covid dois dias antes dos sintomas

Dispositivo que monitora dados de saúde foi capaz de antecipar diagnóstico em 68% dos participantes de estudo.
Uma pulseira criada para identificar os períodos de fertilidade em mulheres conseguiu detectar a Covid-19 antes mesmo de os sintomas aparecerem, mostrou um estudo publicado nesta semana na revista científica BMJ Open. A descoberta é do COV1D-RED, um consórcio de pesquisadores internacionais empenhado em avaliar o uso de aparelhos vestíveis, como relógios inteligentes, para detecção precoce e monitoramento da doença.
No novo trabalho, a pulseira da marca AVA conseguiu identificar a doença em 68% dos casos dois dias antes de a pessoa manifestar sinais de que estava infectado. Para chegar à conclusão, os cientistas incluíram 1.163 participantes, com uma média de idade de 44 anos, no estudo conduzido na Europa.
“(O estudo) mostrou que a detecção pré-sintomática de alterações relacionadas à Covid-19 nos parâmetros fisiológicos utilizando uma pulseira de sensor é algo viável. Nós encontraram mudanças significativas na frequência cardíaca e temperatura do pulso ocorrendo em pacientes positivos para Covid-19 durante o período pré-sintomático. O novo algoritmo detectou 68% das infecções por Sars-CoV-2 confirmadas em laboratório dois dias antes da ocorrência dos sintomas”, escreveram os pesquisadores.
Assim como para detectar a fertilidade de mulheres, a pulseira utiliza três sensores para medir nove biomarcadores como frequência respiratória; frequência cardíaca, e sua variação; temperatura da pele no punho; qual idade e quantidade do sono, entre outros. Para isso, coleta os dados a cada lOsegundoseprecisaque a pessoa durma pelo menos quatro horas ininterruptas.
Nos Estados Unidos, o produto foi o primeiro dispositivo vestível para medir a fertilidade a receber o aval da Food and Drug Adminis- tration (FDA), agência reguladora de medicamentos, em 2021. Lá. o equipamento custa cerca de 250 dólares (cerca de R$ 1.300).
No estudo, os participantes utilizaram a pulseira durante a noite entre abril de 2020 e março de 2021. Quando relatados sintomas da Covid-19, eles realizavam testes RT-PCR, considerados o padrão ouro para identificar a doença. Ao fim do período, um total de 1,5 milhão de horas em dados foram coletadas pelos dispositivos e, então, analisadas com base nos 66 diagnósticos da doença identificados no grupo.
FASE DE INCUBAÇÃO A avaliação dos pesquisadores mostrou que as medidas como frequência cardíacae respiratória tiveram mudanças significativas no período de incubação (tempo entre infecçãoe surgimento de sintomas); pré-sintomá- tico; sintomático e de recuperação da doença.
Os participantes com Covid-19 na fase de sintomas tinham, por exemplo, uma respiração a mais por minuto durante a noite, em media, e a frequência cardíaca acelerada em um batimento por minuto. Mas, já durante o período de incubação e pré-sintomático, os cientistas perceberam um acelera- mento do coração dc 0,87 batidas por minuto, e que a temperatura do pulso aumentava em 0,18°C.
As mudanças permitiram que a pulseira detectasse a Covid-19aomenosdoisdias antes dos sintomas cm 45 dos 66 casos estudados.

O Globo

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