Avança reajuste salarial de farmacêuticos

O Profissional farmacêutico trabalha em média 42 horas semanais, com remuneração média de R$ 3.724,95

reajuste salarial de farmacêuticos pode chegar a 5,5% neste ano. Essa foi a contraproposta do setor patronal para os profissionais da categoria, que realizaram a primeira rodada de negociações no último dia 31 de março (sexta-feira), na sede do Sindicato dos Químicos na capital paulista.

Segundo o portal Mundo Sindical, as conversações reúnem dirigentes da Federação dos Químicos em São Paulo (Fetquim), ligada à CUT, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), ligada à Força Sindical, e entidades filiadas às duas federações.

O que também prevê o reajuste salarial de farmacêuticos?

De acordo com o setor patronal, o reajuste salarial de farmacêuticos inclui a reposição da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A proposta também prevê o pagamento de R$ 330 em vale-alimentação, no caso de empresas com 100 funcionários, e R$ 500 para companhias com mais de 100 colaboradores. A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) também teria aumento de 5,5%.

Além disso, após reivindicação dos farmacêuticos, a convenção coletiva deste ano passará a ter uma cláusula específica para coibir a violência doméstica e contra as mulheres nos locais de trabalho.

O dia 1º de abril é a data-base da categoria. A expectativa é de que as próximas assembleias aconteçam ainda na primeira quinzena de abril.

“É fundamental que os patrões valorizem e reconheçam a contribuição dos trabalhadores no crescimento da indústria farmacêutica. Estamos mobilizando a categoria para conseguir boas discussões na base com conscientização da classe trabalhadora”, avalia Airton Cano, coordenador da Fetquim-SP. Segundo as entidades, desde 2016 os farmacêuticos não têm ganho real no salário.

Categoria quer ainda piso salarial nacional

Além do reajuste salarial de farmacêuticos, outra discussão ainda perdura: a adoção de um piso salarial de R$ 6,5 mil em nível nacional.

A medida integra o Projeto de Lei 1559/21, já aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Agora, a proposta aguarda a designação de um relator na Comissão de Trabalho. O texto contempla reajustes anuais com base na variação acumulada do INPC em 12 meses e passa a fixar também um adicional de 10% para o farmacêutico designado como responsável técnico (RT) do estabelecimento.

Na avaliação de empresários, o novo piso representa 68% de aumento nos valores médios pagos aos farmacêuticos atualmente, gerando gastos extras de R$ 2,8 bilhões ao ano e impactando principalmente pequenas farmácias.

“Precisamos ter uma especial atenção com as farmácias de pequeno porte, que podem ser as mais afetadas pelo piso. Elas representam mais de 60% das farmácias ativas no País”, advertiu o presidente da ABCFarma, Rafael Espinhel.

Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), destacou que, em 2021, existiam 146.197 registros ativos de farmacêuticos no País, 60% deles atuando em farmácias e drogarias. “Assim, qualquer proposta de alteração na remuneração média ou nos encargos desses profissionais tem no comércio varejista o setor mais atingido”, disse.

Bentes pontuou ainda que, nos últimos dez anos, o volume de contratações e as remunerações de farmacêuticos aumentaram, respectivamente, 72% e 84%. “A adoção imediata do novo piso iria inviabilizar operacionalmente pequenos estabelecimentos em regiões menos desenvolvidas do País”, afirmou.

Por outro lado, profissionais farmacêuticos alegaram que vêm acumulando mais tarefas e responsabilidades ao longo dos anos e argumentaram que os lucros do setor comportam o pagamento da nova base salarial.

Fábio Basílio, da Federação Nacional dos Farmacêuticos, apresentou um perfil do profissional farmacêutico: 68% são mulheres, a média de idade é de 36,2 anos, 65% são brancos, 44%, solteiros e mais de 1/3 é responsável pelo sustento da casa. Ele destacou ainda que o farmacêutico atua atualmente em mais de 135 especialidade s, entre indústria, análises clínicas, hospitais, estética, sendo a maior parte em farmácias e drogarias.

“Aquele farmacêutico antigo que fazia apenas a dispensação de medicamentos não existe mais. Hoje o farmacêutico faz dispensação de medicamentos, avaliação da prescrição, porque a gente sabe que as letras ilegíveis e as conciliações medicamentosas errôneas estão aí, faz vacinas, testes rápidos, inclusive de Covid-19. Há estabelecimento que fez mais de 500 testes de Covid por dia”, declarou.

Ainda segundo Basílio, o profissional farmacêutico trabalha em média 42 horas semanais, com remuneração média de R$ 3.724,95. “O mercado de farmácias deve crescer 12% em 2022 e 10% em 2023, mas isso não retorna para o bolso do farmacêutico, que continua com uma média salarial muito baixa”, acrescentou.

Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João citou números de faturamento do setor e afirmou que as despesas com o novo piso representariam apenas 2,14% desses valores. “O faturamento estimado do setor para 2022 é de R$ 170 bilhões. O impacto do piso seria algo em torno de R$ 3,63 bilhões anuais, ou seja, 2,14% do faturamento das empresas”, defendeu.

Fonte:https://panoramafarmaceutico.com.br/reajuste-salarial-de-farmaceuticos/

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