O comportamento do consumidor no pós-pandemia

A pandemia trouxe algumas mudanças de comportamento que foram súbitas e involuntárias, como a educação remota, o distanciamento social, o uso de máscaras, restrições de viagens etc. Já outras foram resultado da aceleração da adoção de comportamentos e hábitos que já estavam presentes antes – compras digitais, telemedicina e trabalho remoto. Agora, a sociedade deve identificar quais mudanças irão, de fato, permanecer.

A telemedicina, por exemplo, aumentou drasticamente durante os períodos de confinamento. Somente no Brasil, houve um acréscimo de mais de 800% no uso da medicina remota nos seis primeiros dias da pandemia, segundo pesquisa publicada na revista científica Plos One. Em que pesem algumas desvantagens (pacientes com dificuldade de domínio da tecnologia), a experiência foi amplamente documentada como positiva, devido ao aumento na capacidade de atendimento, otimização do tempo de pacientes e médicos e maior segurança.

Por sua vez, a demanda por compras online parece ser sustentável a longo prazo – o receio de contrair Covid pode desaparecer quando a pandemia passar, mas a conveniência deve tornar o comportamento permanente. Em resposta, o setor de e-commerce agiu rapidamente com o desafio de criar experiências positivas. As empresas investiram em logística, cadeias de suprimentos e ampliaram seu mix de produtos.

O trabalho remoto também constitui uma mudança significativa e, provavelmente, permanente no mercado de trabalho. A maior permanência em casa faz com que aumente a demanda por moradias maiores e mais confortáveis, gerando boom no setor de construção civil. Eleva, também, a demanda por bens e serviços tecnológicos como computadores e banda larga. Por outro lado, diminui a necessidade de deslocamentos, fazendo com que as pessoas reavaliem a necessidade de manter veículo próprio, em razão dos gastos com impostos, manutenção, seguro e combustível.

Essa nova realidade cria enormes desafios e oportunidades para empreendedores, que têm de identificar as mudanças (provisórias e permanentes) no comportamento de seus consumidores (atuais e potenciais), respondendo rapidamente ao novo cenário pós-Covid, sob pena de perda de competitividade e até eventual falência.
Cristiane Madeiro

O Povo Mais

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